Vacina anti-HPV não estimula sexo de risco, diz estudo

Pesquisadores acompanharam cerca de 200.000 garotas por cinco anos e não encontraram relação entre a vacina e o comportamento sexual promíscuo ou doenças sexualmente transmissíveis

 

Vacina anti-HPV não estimula sexo de risco, diz estudo
Geraldo Alckmin, Dilma Rousseff e Arthur Chioro, na cerimônia de lançamento da campanha de vacinação nacional contra o HPV, em 2014 (Jorge Araújo/Folhapress/VEJA)

A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) não leva as adolescentes a adotar comportamentos sexuais precoces ou arriscados, nem eleva as taxas de doenças sexualmente transmissíveis. A conclusão é de um amplo estudo feito com mulheres americanas, publicado na última segunda-feira no periódico Jama Internal Medicine.

A pesquisa foi feita entre janeiro de 2005 e dezembro de 2010 com 21 610 adolescentes vacinadas e 186 501 que não receberam a vacina. As jovens dos grupos tinham entre 12 e 18 anos e viviam na mesma região dos Estados Unidos. A taxa de doenças sexualmente transmissíveis — medida trimestralmente nas voluntárias — aumentou nos dois grupos no mesmo ritmo e permaneceu quase idêntica à medida que as meninas cresciam, mostrando que o comportamento sexual das adolescentes não mudou por causa das doses da vacina.

"Se o fato de vacinar estas jovens contra o HPV causasse um aumento de atividades sexuais arriscadas, teríamos observado um aumento das taxas de doenças sexualmente transmissíveis (...), e não foi o caso", explicou Seth Seabury, da Universidade do Sul da Califórnia e principal autor do estudo, financiado pelos Institutos Americanos da Saúde (NIH).

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Críticas — A criação, em 2006, da primeira vacina contra o HPV (Gerdasil, do laboratório americano Merck) provocou alerta entre alguns pais, pediatras e legisladores nos Estados Unidos. Segundo os que são contra as doses, vacinar adolescentes incentivaria atividades sexuais precoces e arriscadas. Alguns Estados do país se opuseram a implementar um programa de vacinação obrigatória.

Atualmente, as autoridades de saúde recomendam que se vacinem meninos e meninas pré-adolescentes para prevenir o HPV, que dificilmente é detectado, mas pode causar câncer no colo do útero, ânus, pênis, boca e garganta. No entanto, só 38% das meninas e jovens de 13 a 17 anos nos Estados Unidos receberam as três doses recomendadas em 2013. O número de meninos vacinados é ainda menor, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Vacina no Brasil — No país, a vacinação contra o HPV, principal causa de ocorrência do câncer do colo de útero, é oferecida pelo SUS para meninas de 11 a 13 anos. Este ano, a vacina passará a ser oferecida para as adolescentes de 9 a 11 anos e, em 2016, apenas às meninas de 9 anos.

Em novembro de 2014, dados do Ministério da Saúde mostraram que 2,4 milhões de meninas tomaram a segunda dose da vacina, menos da metade do público-alvo da vacinação, que é de 4,9 milhões de garotas. A segunda das duas doses é essencial para garantir a proteção contra o HPV. Além disso, as meninas precisam retornar aos postos de saúde cinco anos depois para receber um reforço, garantindo a proteção por mais tempo.

A vacina contra o HPV previne a transmissão do vírus causador do câncer do colo do útero, contraído por relações sexuais, contato direto com peles ou mucosas infectadas e no momento do parto. Segundo o Ministério da Saúde, ela gera proteção de 98% contra quatro subtipos da doença, sendo que dois deles são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV.

(Com AFP)

 

Criado: 12 de Fevereiro de 2015
Autoria/Fonte: Revista Veja On-line - Saúde

 

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