Sistema eletrônico detecta precocemente câncer de mama

Transmissor aplicado a um tomógrafo apresenta baixo custo e tem radiação não ionizante

 

Sistema eletrônico detecta precocemente câncer de mama
O sistema apresenta vantagens em relação ao atual exame de detecção do câncer Crédito:Saúde Dica

Um sistema eletrônico que permite calcular o tamanho e a localização de um tumor em uma mama através da emissão de micro-ondas. Essa foi a contribuição que Stelvio Barboza apresentou em sua dissertação de mestrado defendida no Departamento de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP. A proposta consiste em um microchip que, acoplado a um tomógrafo envia ondas e, caso tenha algum tumor, receba a informação de volta. O modelo apresenta grande vantagens em relação ao atual modelo usado, o mamógrafo, e pretende mudar a forma de se realizar exames para detectar o câncer de mama.

A motivação para realizar a pesquisa partiu do grande número de casos do câncer nas mulheres. Segundo a World Health Organization (Organização Mundial da Saúde), o câncer de mama causou 7,6 milhões de mortes somente em 2008, ano estudado na pesquisa de Barboza. Sendo que 70% desse valor, ou seja, cerca de 5,32 milhões desses casos, ocorreram em países de renda baixa ou média, onde se inclui o Brasil. A organização ainda traçou uma estimativa de mortes decorrentes do câncer para o ano de 2030, e chegou a previsão de 17 milhões no mundo.

Além disso, também percebeu-se diversas desvantagens no atual modelo de se detectar o câncer, que utiliza o mamógrafo. Algo essencial para realizar o exame é a compressão da mama, o que causa um certo desconforto para as mulheres. Os custos em dinheiro do mamógrafo e a necessidade de se alocar uma grande estrutura para abrigá-lo é um ponto negativo. Outro aspecto é a radiação ionizante (raio-X)  que é utilizada, o que desfigura a molécula do DNA das células e, depois de várias sessões, pode levar ao aparecimento de um novo câncer.

 

 

A proposta então foi criar uma modelagem de sistema eletrônico que iria emitir pulsos de micro-ondas. O sistema composto por transmissores enviaria essas emissões que infiltrariam no tecido da mama e refletiriam caso houvesse algum tumor. Com isso, seria possível calcular a localização exata do câncer e seu diâmetro. Outra vantagem do uso de ondas é por ser uma radiação não ionizante. “Isso [não utilizar radiação ionizante] significa fazer vários exames e encurtar o período entre eles. O exame de mama é feito anualmente após os 40 anos. Esse se pode fazer em idades antes dos 40 e mais vezes ao ano”, diz Barboza. Além disso apresenta um custo baixo por adotar uma tecnologia padrão utilizada nos chips chamada CMOS.

 

 

Para se detectar o tumor, não seria necessário comprimir a mama. O projeto do sistema consiste em um objeto cilíndrico que ficaria envolto da mama da mulher, que se estabeleceria na posição de bruço. Os transmissores, instalados na superfície no cilindro, rotacionariam em volta do objeto ao mesmo tempo que envia os sinais. Com isso, a estrutura não encostaria no corpo e nem precisaria de uma grande área para ser instalado. “Poderia deixar esse equipamento consultório do médico pois não precisa de uma infraestrutura especial”

“A conclusão tirada desse trabalho é que utilizando esse transmissor é possível detectar tumores de até 5mm de diâmetro”, resume Barboza. O trabalho seria apenas uma etapa de todo um processo que no futuro possa mudar a forma de se diagnosticar o câncer de mama. Ainda há outros testes a serem feitos e novas etapas para que se complete toda a pesquisa: “O último estágio desse trabalho seria: ter todo o circuito e conseguir construir essa imagem em um computador. A partir disso, a gente já vai poder fazer testes em pacientes”.

 

 

Criado: 27 de Novembro de 2014
Autoria/Fonte: USP - Agência Universitária de Notícias

 

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